Opinião: O Impossível, de Juan Antonio Bayona (2012)

por Luiz Henrique Oliveira

Os fatos: em 26 de dezembro de 2004, um tsunami de proporções gigantescas varreu a costa asiática. 230 mil pessoas morreram nesse desastre natural, no qual todos foram pegos sem qualquer alerta, o que obviamente fez chegar a esse número de vítimas. Pouco tempo depois outro tsunami atingiria o Japão, também causando destruição e mortes. A moral que fica disso tudo é mais que clara: não se pode brincar com a natureza. Dizendo assim parece um clichê de aula de ciências da quarta série, mas nada pode ser mais verdade; o planeta é lindo, cheio de belezas das quais todos nós podemos usufruir. Mas é bom tomar cuidado. “O Impossível“, filme do qual estou falando hoje, mostra de forma crua e aterrorizante os eventos causados pela onda gigante em uma praia da Tailândia. Mas isso fica na primeira meia hora; a produção tem muito mais a oferecer do que recriar o horror daquele dia.

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A família liderada pelos personagens interpretados por Naomi Watts e Ewan McGregor não poderia ser mais simples, já que são pessoas comuns que resolveram passar o feriado de Natal em um lugar paradisíaco. Quando a tragédia entra na vida dessa gente, se torna possível ver as fraturas emocionais de cada um – do pai, da mãe e dos três meninos – enquanto buscam sobreviver no meio do caos. O fascinante disso tudo é que a história é baseada em fatos reais. Com certeza houve licenças dramáticas, mas a base deve ter sido mantida, e isso por si só demonstra o tamanho do drama que essas pessoas enfrentaram, e que é mostrado de forma brilhante pelo diretor Juan Antonio Bayona. A primeira meia hora é um show de efeitos visuais e técnicas de edição, de cortes rápidos mas sem confundir quem assiste. O horror do lugar sendo completamente devastado conforme as águas entram terra adentro é ainda mais forte do que mostrado em “Além da Vida“, de Clint Eastwood (que também enfoca esse fatídico dia), com quem divide cenas praticamente similares, mas que o veterano diretor de “Os Imperdoáveis” não aprofunda da maneira que é vista aqui. Pessoalmente é uma das sequências mais tensas que eu já assisti.

A partir dai o filme mostra o desnorteamento e a confusão pós-tragédia. E é nesse ponto que a narrativa começa de verdade. Com a família dividida (mãe e filho mais velho se perderam do pai e os outros dois garotos) o talento dos atores começa a ser finalmente revelado. Watts recebeu merecidamente uma indicação ao Oscar pelo seu papel, que é forte e exige muito de sua capacidade de atuar. Achei que caberia mais alguma indicação técnica (efeitos sonoros efeitos visuais? uma indicação pro McGregor – que para mim tem o melhor papel de sua carreira até aqui – e pro filho mais velho interpretado por Tom Holland?). Mesmo com tanta excelência, o roteiro acaba se revelando, a partir de determinado ponto, mais inclinado para comover e arrancar algumas lágrimas forçadas da audiência, mas nada que retire o poder das imagens registradas por Bayona, que já havia se revelado bom diretor com “O Orfanato” e aqui só confirma seu talento. Ao fim de tudo, sobra a mensagem de esperança, coragem e atitude de uma família que se manteve unida mesmo em um evento trágico, e também serve como alerta, como foi dito no primeiro parágrafo, de que apesar das vastas belezas que temos em nosso planeta, é bom a gente ter cautela – mesmo com tanta tecnologia, estamos sujeitos a surpresas desagradáveis.

Recomendo ver o filme nas salas de cinema, mas aos que preferem baixá-lo, o link para download é este: http://goo.gl/GXfpT

O blog não hospeda torrents de filmes, apenas redireciona para sites onde eles podem ser encontrados aos que tiverem esse desejo.